Introdução
A crescente popularidade das novas tecnologias da informação e da
comunicação (TICs) associadas à Internet tem facilitado o
desenvolvimento de uma nova modalidade de Educação a Distância, a
Educação a Distância on-line ou EaD on-line.
Muito tem sido escrito atualmente sobre a capacitação do professor
para atuar em contextos de EaD on-line e, via de regra, boa parte dessa
literatura tende a apresentar listas de habilidades e comportamentos
necessários para que o docente desempenhe bem sua função (v. Tavares,
2000).
Também tem sido comum a publicação de artigos que descrevem as
habilidades esperadas dos candidatos a aprendizes em EaD on-line. Tal
literatura parte do pressuposto de que, para alcançar sucesso na
aprendizagem on-line, é necessário que um aprendiz consiga gerenciar de
modo autônomo seus recursos pessoais (tempo, equipamento) e os recursos
didáticos do curso (bases de dados, mensagens, multimídia) (Reid, 1999).
Comparativamente pouco, entretanto, tem sido escrito a respeito das
expectativas desses aprendizes e candidatos quanto ao desempenho dos
professores on-line. Os artigos que apresentam as listas de habilidades e
comportamento docentes desejáveis costumam considerar a docência on-line
como algo distinto da docência em contextos presenciais, mas há poucos
estudos que investiguem se os aprendizes em contextos virtuais realmente
esperam dos professores um comportamento diverso daquele normalmente
apresentado em contextos presenciais.
Este trabalho tem o objetivo de investigar se existiria um possível
conflito entre as habilidades docentes apontadas na literatura como
desejáveis para atuação no ambiente on-line e as expectativas de
aprendizes adultos quanto a essa atuação docente. A motivação para
realizá-lo surgiu após uma experiência de ensino on-line na qual este
pesquisador atuou como professor. O fator desencadeante para o trabalho
foi a constatação de que os aprendizes, durante e após o curso,
atribuíram grande valor a diferentes aspectos da atuação docente,
alguns dos quais nem sempre contemplados favoravelmente na literatura
sobre a capacitação do professor para atuar na EaD on-line.
A fim de avaliar a existência do conflito descrito e suas possíveis
implicações, este trabalho será dividido em três seções:
1. Revisão Bibliográfica: (a) O Papel do Professor - as
recomendações sobre como agir no ambiente on-line que são oferecidas
aos docentes; (b) As Expectativas dos Alunos - estudos fundamentados em
experiências de ensino que de alguma forma abordam as expectativas do
aprendiz sobre a atuação do docente.
2. Descrição e Análise: (a) o contexto no qual foram coletados
os dados e (b) análise dos dados.
3. Discussão: (a) reflexão sobre as expectativas dos aprendizes
no curso descrito na seção 2; (b) discussão sobre as possíveis
implicações das expectativas dos aprendizes para a formação de
professores para atuar em EaD on-line.
1- Revisão Bibliográfica
(a) O Papel do Professor
Mason (1991), ao descrever os papéis do instrutor em contextos de ensino
mediados por computador, revisa a literatura disponível sobre tutoria
on-line e apresenta exemplos coletados do que acredita ser uma instância
de tutoria excepcionalmente bem sucedida.
Ao revisar a literatura, Mason classifica em três categorias os
conselhos tidos como conducentes a um desempenho docente de sucesso:
organizacional, social e intelectual. Dessas categorias, Mason destaca a
última por acreditar que o papel mais importante do tutor seja o de
facilitador intelectual, o que implica no trabalho contínuo de focalizar
a discussões dos aprendizes; encorajar sua participação; comentar,
criticar e solicitar refinamentos em suas linhas de raciocínio.
Já os conselhos sobre o papel social do tutor on-line costumam
insistir na necessidade do fornecimento de grande quantidade de feedback,
em um tom amigável e pessoal, para as contribuições dos aprendizes.
Mason acrescenta que esses papéis poderiam também ser exercidos pelos
próprios aprendizes e com benefícios para sua aprendizagem.
Após analisar um exemplo de tutoria bem sucedida, o pesquisador
conclui que o sucesso na docência on-line não depende de habilidades
diferentes daquelas necessárias a outras modalidades de ensino, a saber:
o entusiasmo e o envolvimento; a percepção e o discernimento; e a
capacidade de modelar a compreensão do conteúdo.
Berge (1995), trabalhando no mesmo contexto que Mason (1991), divide as
condições necessárias para o sucesso no ensino on-line em quatro
categorias - pedagógica, social, administrativa e técnica.
Uma das condições pedagógicas apontadas por Berge, relevante para
este trabalho, estabelece que os instrutores evitem comentários longos e
elaborados(1) que inibam a participação dos aprendizes. Tal condição
reflete bem seu pressuposto de que a aprendizagem decorra da interação
do aprendiz com o conteúdo e com outros aprendizes.
Uma das condições administrativas apontadas de certa forma se
relaciona à condição pedagógica anterior, pois determina que o
instrutor evite participar mais das discussões do que os aprendizes.
Berge acredita que o instrutor deva limitar sua participação a
aproximadamente um quarto (¼) ou metade do material on-line(2).
Outra das condições administrativas determina que o instrutor seja
rápido ao responder às contribuições dos aprendizes(3), quer por mensagem
pessoal quer frente ao grupo.
Em outras palavras, Berge sugere que o sucesso do docente resulte de
sua capacidade para responder rapidamente às solicitações dos
aprendizes, sem contribuir com mensagens longas nem com excesso de
mensagens.
Em seu resumo, Berge subordina o desempenho docente bem sucedido ao
aumento na interação entre aprendizes e afirma que tal meta pode não
ser bem aceita em contextos educacionais nos quais ainda predomine o
modelo tradicional de ensino, no qual a interação se dá
preferencialmente no sentido do professor para os aprendizes.
Palloff, Pratt e Rapp (2000), trabalhando a partir do conceito de
aprendizagem comunitária on-line, propõem que o instrutor evite o
comportamento de palestrante, no qual os aprendizes são expostos a longos
textos (orais ou escritos) e a apresentações eletrônicas (PowerPoint
slides). Para os autores, a estratégia mais eficaz é apresentar “um
parágrafo” de conteúdo, apenas para iniciar o processo, e fazer
algumas perguntas para que os próprios aprendizes “explorem” as
idéias.
O conceito de aprendizagem comunitária de Palloff e Pratt traz
implicações importantes para o desempenho docente:
Uma comunidade de aprendizagem on-line é muito mais que apenas um
instrutor interagindo mais com alunos e alunos interagindo mais entre si.
É, na verdade, a criação de um espaço no qual alunos e docentes podem
se conectar como iguais em um processo de aprendizagem, onde podem
se conectar como seres humanos. Logo eles passam a se conhecer e a sentir
que estão juntos em alguma coisa. Eles estão trabalhando com um fim
comum, juntos.
[tradução minha, ênfase adicionada]
Ao proporem que aprendizes e instrutores se ponham em pé de igualdade,
os autores também esperam que os instrutores ajam como facilitadores e
guias, que favoreçam o desenvolvimento da autonomia dos aprendizes, como
declara Rena Palloff:
[...] é na verdade ser mais como um facilitador e um guia no processo
e criar formas pelas quais os alunos possam conquistar o poder de buscar a
informação, para interagir ou ensinar uns aos outros, essencialmente a
respeito do material estudado.
[tradução minha]
Collison, Elbaum, Haavind e Tinker (apud Sobyra, 2000), também
trabalhando dentro do conceito de aprendizagem comunitária, acreditam que
o ambiente on-line estabeleça seus próprios parâmetros de sucesso
docente, os quais seriam diferentes daqueles encontrados no ambiente
presencial. Eles acreditam que o instrutor mais bem sucedido será aquele
que tiver a capacidade de ouvir as demandas dos aprendizes e de
respondê-las sem “injetar opiniões e valores pessoais e profissionais”.
Reflexão
Embora não se deseje aqui estabelecer uma evolução cronológica das
idéias apresentadas, é notável que de Mason (1991) até Collison,
Elbaum, Haavind e Tinker (2000) aumentou a preocupação com a quantidade
e a qualidade do envolvimento docente na aprendizagem.
Assumindo uma postura mais flexível, embora também acredite que as
funções docentes possam ser assumidas pelos próprios aprendizes, Mason
aceita com bons olhos uma atuação docente mais constante e com maior
envolvimento pessoal.
Nos trabalhos de Palloff e Pratt e de Berge já se percebe uma
preocupação com o nível de envolvimento docente. Os primeiros propõem
que se busque a passagem do poder para o próprio aprendiz, que se
tornaria autônomo o suficiente para gerir o processo de aprendizagem.
Berge chega mesmo a propor um limite quantitativo à participação
docente, limite este que, supostamente, beneficiaria a aprendizagem.
Já Collison, Elbaum, Haavind e Tinker praticamente parecem propor um
expurgo do envolvimento pessoal do instrutor, o qual se torna mais um
instrumento de facilitação da aprendizagem.
(b) As Expectativas dos Alunos
Em comparação com o volume de trabalhos escritos sobre a formação e
a atuação de docentes, ainda são poucas as pesquisas que se voltam para
as expectativas e as perspectivas dos aprendizes (Mory, Gambill e Browning,
1998; Hara e Kling, 1999).
Buscas no ERIC Database (http://ericir.syr.edu/Eric/) por combinações
como on-line + learner + feedback e distance education + students +
expectations, retornaram apenas dois sumários relevantes à discussão
das expectativas dos aprendizes (Mende, 1998 e Kirby, 1999).
O trabalho de Mason (1991), já mencionado, descreve um exemplo de
prática docente on-line, que o pesquisador avalia como excepcionalmente
bem sucedida, na qual um instrutor serve de moderador para um grupo de 30
aprendizes adultos, com diversas experiências profissionais (acadêmica,
industrial, governamental), durante quatro meses.
Embora o foco de seu trabalho não estivesse nas perspectivas ou
expectativas dos aprendizes, Mason reconheceu que estes tiveram uma
resposta extremamente favorável ao desempenho do instrutor, o qual:
- provia contexto para a discussão, dava sua opinião pessoal e ‘ganchos’
para estimular comentários;
- comentava as contribuições de cada participante, destacando o que de
positivo havia sido acrescentado à discussão;
- não fazia perguntas e deixava os participantes para descobrir as
respostas; ele demonstrava, modelava os conceitos na prática, com
exemplos pessoais.
Mory, Gambill e Browning, (1998) se propõem a examinar as
experiências de dois alunos universitários de um curso on-line.
Ainda que o trabalho se atenha mais a aspectos do gerenciamento do
tempo e de recursos (cronograma de atividades, formas de avaliação,
volume de trabalhos e leituras, problemas técnicos e mídias), há
menção à comunicação com o instrutor como um dos itens positivos
mencionados pelos aprendizes. Os autores avaliam que o instrutor foi capaz
de manter uma excelente taxa de resposta para as perguntas e as
preocupações dos aprendizes.
Mende (1998) apresenta o estudo de caso de uma experiência
desenvolvida no Canadá para avaliar a viabilidade do fornecimento de
educação por meio da tecnologia de lista de e-mail.
Os resultados da experiência demonstraram que a dedicação e o
conhecimento do instrutor foram dois aspectos bastante elogiados pelos
alunos. Mende, como Mason (1991), conclui que as qualidades necessárias
aos docentes que atuam no ambiente on-line são as mesmas que devem
possuir os que atuam em ambientes presenciais, com a diferença de que dos
primeiros talvez se exija mais dedicação.
Hara e Kling (1999), em um estudo sobre a frustração dos alunos em um
curso de EaD on-line, chamam a atenção para o fato de que a literatura
sobre EaD “está tomada por estudos e relatos entusiasmados”, como se
não houvesse problemas com aprendizes em contextos virtuais de
aprendizagem.
O estudo desses pesquisadores documenta tais problemas e os associa a
três fontes: falhas técnicas, instruções ambíguas e falta de feedback
imediato do instrutor - este último nos sendo o mais relevante.
Um dos sujeitos do estudo ressentiu-se por não receber feedback
imediato e suficiente sobre sua contribuição e fez um contraste com a
experiência em contextos de aprendizagem presenciais, nos quais até “por
meio da linguagem corporal e pelo modo falar” o professor dá feedback
ao aprendiz. Outro sujeito declarou necessitar de “feedback constante”.
Os pesquisadores também afirmam que:
[...] tais frustrações sobrecarregaram alguns alunos de tal forma que
eles abandonaram o conteúdo formal do curso. [...] Além disso, durante
as entrevistas, dois alunos afirmaram que não farão cursos em educação
a distância no futuro para evitar tais frustrações. [...]
[tradução minha]
Ainda segundo Hara e Kling, a própria instrutora do curso analisado
percebeu a necessidade de dar mais feedback aos aprendizes.
Os pesquisadores concluem seu relato afirmando que “é hora de
considerarmos seriamente a experiência real dos estudantes nos cursos de
educação a distância...”.
Solloway e Harris (1999) descrevem a experiência de transformar um
curso tradicional em um curso on-line baseado nos princípios das
comunidades de aprendizagem. Neste trabalho eles põem o foco sobre a
negociação das necessidades e desejos dos aprendizes.
Na elaboração da modalidade on-line do curso analisado, tomou-se a
decisão de manter o instrutor distanciado da interação entre os
aprendizes, pois sua participação poderia impedi-los de buscar suas
próprias interpretações e as dos outros.
Durante o curso, foram muitas as reclamações dos aprendizes com
relação à “ausência” do instrutor, à qual Solloway e Harris se
referem como um “desconforto dos alunos”. Os responsáveis pelo curso
levaram esse problema em consideração e, embora tenham mantido a
diretriz de evitar a participação direta do instrutor nas discussões,
incentivaram o aumento de sua correspondência com os aprendizes por
telefone e e-mail, o que teve resultados favoráveis.
Kirby (1999) descreve um estudo sobre o efeito das tecnologias digitais
(videoconferência, e-mail, chat) no aumento da interação em seções de
um curso on-line de nível superior.
A pesquisadora afirma que “estudos já mostraram que o principal
fator determinante da satisfação dos alunos em cursos de educação a
distância é a interação que ocorre entre o professor e os alunos.”
Também afirma que o maior problema apresentado no contexto de seu estudo
foi a limitação na rapidez e na quantidade de feedback dado aos
aprendizes sobre seus trabalhos.
Reflexão
Embora poucos dos trabalhos citados tivessem o objetivo de avaliar as
expectativas e perspectivas dos aprendizes, e ainda que não seja
possível generalizar seus resultados para outros contextos, creio que
eles parecem indicar que o aprendiz on-line espera de seu instrutor um
feedback:
- ágil;
- farto;
- freqüente;
- individualizado.
Em outras palavras, o docente precisa estar “mais presente” não
apenas quantitativa, mas também qualitativamente, como que para compensar
pela ausência de outras formas mais imediatas de demonstrar sua
avaliação sobre o desempenho do aprendiz (v. Hara e Kling, 1999).
É importante que não se entenda aqui os termos “feedback” e “avaliação”
como sinônimos de teste ou correção, mas sim como sinônimos de “acompanhamento”.
Os aprendizes dos estudos citados pareciam esperar que os
professores/instrutores lhes indicassem se estavam “indo pelo caminho
certo”.
É sintomático que alguns dos aprendizes tenham relacionado a
experiência on-line à presencial, que certamente lhes seria mais
familiar (v. Hara e Kling, 1999). Isso indica que a experiência prévia
dos aprendizes pode influenciar a criação de expectativas quanto ao
desempenho docente na modalidade on-line. É provável que os aprendizes
dos estudos citados, todos adultos, tenham tido experiências em contextos
presenciais nos quais os professores forneciam feedback de modo constante
e em grande quantidade.
Há que se avaliar até que ponto aprendizes mais jovens,
familiarizados com as novas TICs, e/ou egressos de experiências
presenciais em correntes pedagógicas mais centradas no aprendiz poderiam
criar expectativas diferentes quanto à atuação do docente em contextos
de aprendizagem on-line.
Brodsky (1998) afirma que as novas gerações que chegam à
universidade podem já estar mais adaptadas à aprendizagem colaborativa,
graças à convivência em inúmeras comunidades virtuais da Internet, ao
contrário da geração anterior, que chegou ao Ph.D. aprendendo segundo
um modelo de estudo que ocorre em semi-isolamento, ou seja, dentro de um
modelo que prioriza o individualismo e põe o instrutor/professor em
posição de destaque.
Frand (2000) chega mesmo a afirmar que a nova geração, por já
conviver desde a tenra idade com a tecnologia e sua rápida evolução,
apresenta o que ele denomina de “padrão mental da era da informação”,
em oposição ao padrão mental da “era industrial” de seus pais.
Após delinear algumas das características desse padrão mental da era
da informação, Frand conclui que as instituições de ensino terão não
apenas de reavaliar suas práticas pedagógicas, mas também de criar
novas práticas mais adequadas às expectativas das novas gerações.
O fato é que, até que sejam feitos estudos comparativos sobre as
expectativas das novas gerações e as das anteriores, ainda é cedo para
afirmar que os aprendizes mais jovens poderão usufruir da EaD de modo
autônomo em comunidades de aprendizagem nas quais a participação
docente seja quantitativamente reduzida e isenta de opiniões e valores
pessoais e profissionais.
2 - Descrição e Análise
a.0 - O Curso
Denominado “Capacitação On-line para Autoformação Continuada de
Educadores”, o curso foi oferecido integralmente on-line durante seis
semanas nos meses de novembro e dezembro de 2000, na modalidade de
extensão universitária, em parceria com uma faculdade pública da Cidade
do Rio de Janeiro.
O público-alvo deveria ser composto de educadores de todas as
disciplinas do Ensino Fundamental e Médio, de instituições de ensino
públicas e privadas; supervisores pedagógicos e coordenadores de área
que atuassem no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Seus objetivos foram definidos da seguinte forma:
Objetivo Geral:
Contribuir para que o educador possa gerir um processo de autoformação
continuada através da Internet.
Objetivos Específicos:
- capacitar o educador para utilizar as ferramentas de busca da Internet
para obter e avaliar fontes de informação relevantes a sua prática
pedagógica;
- capacitar o educador para utilizar listas de discussão e e-mail para
participar de uma comunidade de aprendizagem colaborativa, ou seja, uma
comunidade na qual todos contribuem para o aperfeiçoamento profissional
de todos;
- capacitar o educador para utilizar informações obtidas na Internet
para elaborar e implementar atividades pedagógicas em salas de aula
presenciais.
a.1 - Funcionamento do Curso
O desenho do curso previa leituras, o uso de lista de e-mail para
discussão de temas extraídos das leituras, chats com diversos
propósitos, tarefas de auto-avaliação automáticas, um trabalho em
grupos, um trabalho em duplas e um Relatório Final (Relatório de
Auto-avaliação - v. Anexo 1).
Semanalmente os aprendizes liam os textos disponibilizados em uma Sala
de Aulas Virtual na World Wide Web; discutiam, via lista de e-mails, as
perguntas propostas para cada texto; e, opcionalmente, realizavam testes
de auto-avaliação individual sobre o conteúdo dos textos.
Chats com propósitos específicos (socialização, entrevista com um
especialista, ‘tira-dúvidas’ e avaliação) foram agendados em
algumas semanas.
Os conteúdos do trabalho em duplas e do trabalho em grupos foram
postados na lista para comentários da turma e dos professores.
Os Relatórios Finais foram enviados apenas para os professores, que os
comentaram fora da lista.
a.2 - Os Professores
Ambos (Kátia e Paulo) possuem título de Mestrado em Lingüística
Aplicada. Kátia é doutoranda na mesma área e desenvolve pesquisa sobre
a formação de professores para atuar em EaD on-line. Ela é Professora
Assistente da Instituição com cuja parceria o curso foi oferecido. Paulo
foi Professor Assistente na mesma instituição.
Este curso foi a segunda experiência de docência on-line de ambos
professores.
a.3 - Abordagem do Curso
Os professores tinham o propósito de criar uma comunidade virtual de
aprendizagem, ou seja, um contexto no qual, por meio da interação
permitida pelas novas TICs (chat, lista de e-mail, e-mail pessoal),
surgisse a possibilidade de aprendizagem pela interação e pela
cooperação entre os aprendizes e não somente pela interação entre
professores e aprendizes ou entre aprendizes e material didático.
Os professores esperavam que tal interação e cooperação fossem
criadas e mantidas principalmente por meio da troca de mensagens entre
aprendizes na lista de e-mail.
Durante todo o curso os professores tiveram em mente que a atitude mais
eficaz para que tal expectativa se concretizasse seria a de mostrar como
interagir na lista, em lugar de apenas dizer como fazê-lo. Para tanto,
comentavam as mensagens postadas diariamente e também os trabalhos, a fim
de que os aprendizes tomassem esse comportamento como padrão e o
seguissem. Em outras palavras, ambos tentaram modelar o comportamento
desejado dos aprendizes.
a.4 - Os Aprendizes
Inscreveram-se para o curso 36 candidatos, dos quais apenas 22
efetivamente concluíram todos requisitos para a obtenção de um
certificado. Todos eram adultos, acima dos 20 anos de idade.
Desses 22, 18 apresentaram informações que permitem afirmar que pelo
menos a metade do grupo já havia tido pelo menos uma experiência em EaD:
Seis dos aprendizes com experiência prévia em EaD declararam ter
participado de cursos semelhantes ao aqui descrito (ver Abordagem do
Curso).
Nenhum dos 18 citados relatou ter dificuldades no uso das ferramentas
utilizadas no curso (e-mail, browser, editores de texto)(4).
Tais dados permitem afirmar que se trata de uma turma adulta,
relativamente experiente no manuseio de computadores e da Internet e mesmo
com alguma experiência em EaD. De alguma forma todos têm envolvimento
com o processo educacional, pois atuam quer como instrutores e professores
(Ensino Médio a Superior) quer como consultores na área de Educação.
Dados
b.0 - Fontes
As análises que seguem serão baseadas nos textos produzidos por
professores e aprendizes nos seguintes contextos:
- mensagens de e-mail trocadas entre o professor Paulo e aprendizes
individualmente;
- mensagens de e-mail trocadas entre professores e aprendizes por meio da
lista de discussão;
- trabalhos (em duplas e grupos) dos aprendizes e comentários dos
professores;
- Relatório Final dos aprendizes e comentários do professor Paulo;
- Questionário de Opinião dos Alunos, respondido logo após o término
do curso.
b.1 - Opinião dos Aprendizes
Após o término do curso, os aprendizes responderam um questionário (v. Anexo
2) cuja finalidade era apontar aspectos que demandariam reavaliação
por parte dos professores.
Dos Aspectos Positivos solicitados pelo questionário (“Que aspectos
positivos do curso você destaca?”), os aprendizes indicaram vários
itens relacionados à atuação docente, ressaltando-se dentre eles os “comentários
dos professores”(5):
O que os aprendizes denominam “comentários” são as várias formas
pelas quais os professores interagiram com eles durante o curso, por
e-mail pessoal e pela lista, a fim de:
- dar orientações sobre procedimentos e lembretes:
[de: Paulo para: Lista (todos) - 07/11/2000]
Oi, pessoAll.
Como deu pra perceber nesta mensagem, as pessoas aqui sao livres para
interagir paralelamente. Mas nao se esquecam de partilhar as novidades e
conclusoes interessantes com a turma pela lista.
Quem desejar conhecer mais do trabalho de algum colega podera' fazer uma
visita ao catalogo de enderecos da turma que se encontra na entrada da
Sala de Aulas.
Vamos fazer barulho?
[]s tagarelas(6)
- sugerir fontes de informação na World Wide Web:
[de: Kátia para: Lista - 10/11/2000]
[...] Como alguns colegas demonstraram interesse na questão do professor
online, acredito que possamos dedicar um pouco mais de tempo a ela, ainda
dentro desta primeira semana. Topam? :-)
Para aqueles que estiverem mais interessados na questão, aqui vai uma
proposta de leitura inicial sobre o assunto - é um trabalho meu,
intitulado "O Professor Virtual: Reflexões sobre seus Papéis e sua
Formação", que está disponível diretamente em
http://www.educarecursosonline.pro.br/artigo/eadprof.htm [...]
- dar feedback individual:
[de: Paulo para: Edna - 13/12/2000]
Oi, [Edna].
Obrigado pelo seu relatório. Teremos material p refletir durante um bom
tempo.
Esses relatórios nos dão pistas q, acrescentadas ao q percebemos da
dinâmica dos cursos, nos servem p implementar mudanças e consolidar
técnicas bem sucedidas. Agora um comentário:
Você questiona a necessidade d trabalhos em grupo em uma modalidade de
educação cujo maior benefício é a conveniência d o aluno ter
liberdade d progredir d modo independente. E relata problemas em seu grupo
d trabalho. Vamos por partes:
- qto ao grupo: realmente acredito q tenha havido uma infeliz
coincidência. Os outros membros d seu grupo não conseguiram se organizar
de modo satisfatório, o q gerou grande insatisfação p vc. Eu e Kátia
sabemos (por experiência própria, discente) q isso acontece. Lamentamos
muito. Mas tente entender q foi apenas uma infelicidade desse grupo nesse
momento. Talvez o mesmo grupo tivesse funcionado em outro momento (um
período menos conturbado q o encerramento do ano letivo).
[...]
[]s satisfeitos
- avaliar os trabalhos (em dupla, em grupo):
[de: Paulo para: Dupla Renato e Rafaela - postada na Lista -
27/11/2000]
[citado do trabalho da dupla]:
RESUMO = Bom site para quem procura artigos, indicações bibliográficas,
informações sobre eventos sobre educação. A ênfase recai na
educação inclusiva e no ensino fundamental. O site praticamente se
restringe à publicação de artigos, documentos e pesquisas em sua área,
como uma biblioteca digital. Alguma interatividade é possível através
de um fórum de mensagens via e-mail. Muitos artigos, todavia, não são
[encontrados] no link indicado.
[comentário do professor]:
Links quebrados são um pecado mortal!!!!! Principalmente qdo [levam] a um
artigo seu!!!!!! Meu artigo "Intervenção..." é um dos
quebrados. Isso me tira do sério. Mas.. 1..2...3...4...5... estou mais
calmo.
É sério, gente. Um site que não mantém controle do que ainda está
acessível não é muito confiável, ainda que tenha trabalhos de
qualidade. Imagine q vc põe uma referência on-line na Bibliografia de um
artigo e o leitor interessado em ler o texto original da referência não
o acha na WWW.
[]s indignados - e não é só pq o link era meu!!!! :-DDDDDDD
[de: Paulo para: Grupo Aplicados - postada na Lista - 11/12/2000]
Aqui vão alguns comentários/questionamentos sobre seu trabalho.
[Sintam-se] livres p espinafrar :-DD
Em princípio quero dizer q vcs *ganharam ponto* por partir do princípio
d q os alunos devem decidir o q ler. O problema talvez seja a forma de
concretizar isso e ao mesmo tempo garantir uma experiência educativa
semelhante a todos. Mas isso já é questão p outras discussões.
Agora vamos aos comentários/questionamentos:
[citado do trabalho do grupo]:
[...] o professor sugere aos alunos que organizem-se em grupos e busquem
na Internet, através de catálogos ou motores de busca, os quais deverão
ser previamente apresentados aos alunos, sites em inglês que sejam de
interesse do grupo.
[comentário do professor]:
Qual o tamanho imaginado p essa turma e quantos poderiam fazer parte de um
grupo? Será q o tamanho do grupo influiria na qualidade do trabalho
feito? Como seriam compostos: aleatoriamente? com um *mix* de alunos q
tivessem diferentes níveis de familiaridade com a tecnologia e com a
língua-alvo? de outra forma? Acho q esse ponto seria extremamente útil,
pois, se adotado o *mix*, haveria a possibilidade de q os alunos
aprendessem muito mais do q apenas as estratégias de leitura.
Resumindo:
- Boa idéia
- Faltou detalhamento
[]s cri-cris
- introduzir questões afetivas e estímulo:
[de: Paulo para: Todos exceto Kátia - 13/11/2000]
Olá.
Essa msg vai p a turma, mas não p a profa. Kátia. Amanhã ela
completará $##@ anos.
Quem desejar fazer uma surpresa digital, recomendo o site de cartões Blue
Mountain (http://www.bluemountain.com/). Há cartões para todas as
ocasiões e religiões.
Eu vou mandar o meu hoje (é possível programar a data de entrega).
[]s cúmplices e sigilosos
[de: Kátia para: Lista - 16/11/2000]
A todos,
Os comentários de colegas como o do [Fábio] (sua msg foi ótima!), da
[Alice] e outros sobre o bom-senso na netiqueta são muito pertinentes.
Sem bom-senso não há regras que funcionem! :-)
[]s
Comentários como esses foram feitos durante todo o curso, principalmente
pela lista, e sempre em um prazo menor do que vinte e quatro horas, pois
os professores procuravam baixar os e-mails da lista diariamente, várias
vezes por dia.
Em termos quantitativos, a participação dos professores e dos
aprendizes na lista pode ser demonstrada pelas seguintes tabelas e
gráficos:
Como demonstram a Tabela 2 e seu gráfico, durante cinco semanas o
número de mensagens enviadas por professores e aprendizes foi bastante
semelhante. Se a comparação for feita semana a semana, veremos os
professores tenderam a participar aproximadamente a metade do total do
material on-line (MÉDIA), o que, segundo Berge (1995) seria prova de uma
boa prática docente.
Por outro lado, a Tabela 3 e seu gráfico demonstram que, em geral,
cada professor enviou o dobro do número de mensagens que foram enviadas
pelo aprendiz mais participativo da semana. Isso significa que os valores
apresentados na Tabela 2 não refletem com fidelidade a participação
real dos aprendizes e sim o total de um grupo no qual, de 22 membros,
alguns participavam muito, outros nem tanto ou mesmo, por vezes, nada.
Conclui-se que é necessário olhar tanto para o quadro macro da
participação (TOTAL) quanto para o quadro micro (semanas, meses,
participantes). Se o quadro macro mostra um padrão de participação
docente adequado, segundo Berge (1995), o quadro micro sugere que na maior
parte do tempo a participação docente foi numericamente mais
significativa.
Essa maior participação relativa dos professores (os “comentários”)
poderia ter ocasionado a menor participação dos aprendizes, tanto pela
expectativa de que os professores pudessem estar “fazendo uma palestra”
(v. Palloff, Pratt e Rapp, 2000), o que demandaria uma postura discente
mais “ouvinte”, quanto em função de uma possível tendência a
concordar com as posturas do professor.
Em seus relatórios, alguns aprendizes de fato julgaram que poderiam
ter participado mais das discussões na lista e apresentaram os seguintes
fatores para justificar sua pouca participação em geral ou em momentos
específicos:
- problemas no gerenciamento do tempo e/ou da tecnologia:
[Relatório Final - Rita]
Não me senti excluída de nenhum comentário, por ignorar seu conteúdo.
Pelo contrário, sempre me senti convidada a participar de todas as
discussões e se não participei mais efetivamente, foi por absoluta falta
de tempo.
[Relatório Final - Sandro]
A minha participação nas discussões [foi atropelada] pelos seguintes
motivos: defeito no meu computador durante o Curso (já foi resolvido),
não ter administrado melhor o meu tempo e o cansaço (sem comentários)
[...]
[Relatório Final - Anita]
[...] Sinceramente fiz o que pude dentro de meu espaço de tempo. Acho que
o fato de o curso ter sido no fim do ano me atrapalhou um pouco. [...]
- problemas pessoais e insegurança:
[Relatório Final - Beatriz]
A minha participação não foi como eu desejava. Tive um problema pessoal
muito sério, que fiquei dias sem querer falar com ninguém.
[Relatório Final - Berta]
[...] Na terceira semana, tive problemas pessoais [o que] me desgastou
emocionalmente e prejudicou meu andamento durante aquela semana. Só pude
colocar em dia as leituras e demonstrar interesse pelo curso novamente
durante o fim da semana seguinte [...]
[Relatório Final - Anita]
[...] No começo estava indo muito bem. No final, nem tão bem quanto
esperava. Não sei se estou preparada suficientemente para o ensino à
distância. Confundi-me um pouco com tantas mensagens e não soube ao
certo como lidar com tanta informação. Esse foi meu maior problema:
frustração. E às vezes sentia vontade de comentar todas, e a
dificuldade de faze-lo me deixava frustrada muitas vezes. Muitas vezes
ficava receosa e com medo que meu colega de turma me interpretasse mal.
Agora acho que deveria ter me arriscado. Ainda sou muito tímida, mesmo
online.
[Relatório Final - Tiago]
Logo no início foi muito fraca a minha participação nas discussões,
tendo manifestado preocupação a um dos instrutores por e-mail.
Incomodava-me estar recebendo muitas informações, com generosos toques e
não estar retribuindo, à altura, os esforços dos mestres bem como dos
colegas mais participativos. Acabei por fazer o trabalho em dupla
individualmente: uma pena realmente. Se tivesse sido mais ousado teria
deslanchado bem antes do que aconteceu efetivamente, como no trabalho em
grupo de quatro, onde o grupo trabalhou e comunicou intensamente,
propiciando fecharmos o trabalho como grandes amigos, por enquanto
virtualmente. [...]
- desejo de apenas contribuir quando relevante:
[Relatório Final - Felipe]
Como só pude fazer leituras no final da semana, sempre estava defasado e,
nessa medida, não achei pertinente abordar assuntos já discutidos.
[Relatório Final - Marta]
[...] Contribui com o que julguei relevante.
[Relatório Final - Pedro]
Minha participação individual na lista se verificou sempre que
considerei interessante colocar algum ponto ou exemplifica-lo, tendo
evitado de colocar opiniões em assuntos não relacionados a minha
experiência, interesse ou relação direta com o assunto tema do curso.
[...]
A julgar por esses depoimentos, o volume de comentários docentes não
parece ter intimidado os aprendizes. Na verdade, eles interpretaram esse
tipo de feedback como uma presença de grande apoio pedagógico e pessoal:
[de: Tiago para: Paulo - 4/12/2000]
[...] Obrigado pelas sacudidas. Estas e outras atitudes de vocês durante
todo o nosso curso serão as nossas grandes referências em todo nosso
processo de aplicação do que estamos aprendendo agora. Mesmo que isso
ainda possa não refletir em nosso primeiro trabalho pedagógico, com
certeza estará em nossa prática futura, se quisermos citar esse curso de
vocês como referência.
[Relatório Final - Rafaela]
[...] a preocupação de dar retorno a cada nova mensagem que enviávamos
era muito grande, ficando a sensação de um grande respaldo por parte dos
professores [...]
[Relatório Final - Luiz]
[...] vocês estão de parabéns (o que não se diz para conseguir um
certificado!). Agora sério: achei que vocês intervinham bastantes vezes,
tranqüilizando as pessoas, mostrando que estavam atentos ao que acontecia
na sala e se disponibilizando em público ou em privado (argh! que termo!)
para o que quer que fosse. Isso dá muita segurança a quem faz um curso
desse tipo, especialmente para os iniciantes.(7)
[Questionário - Opinião dos Alunos - Beatriz]
[Aspectos Positivos:] A participação dos mestres em todas as atividades,
pude verificar que eles não deixaram de comentar nenhuma atividade
individualmente.
[Questionário - Opinião dos Alunos - Anita]
[Aspectos Positivos:] as prontas respostas a todas e quaisquer questões e
sugestões dos alunos, a atenção dos professores.
[Relatório Final - Rita]
[...] Também gostaria de deixar registrado que vocês souberam nos deixar
a vontade com os lembretes “provocativos, esclarecedores, concordantes
etc”, que deixaram [...] para todos. [...] Sinto-me agora mais a vontade
para trabalhar coma a educação on-line.
Tampouco os aprendizes pareceram se sentir pressionados a adotar o ponto
de vista dos professores ou tenderam a priorizá-lo em detrimento de seus
próprios:
[Relatório Final - Marta]
Tenho verificado que na comunicação a distância ainda prevalece o
conhecimento prévio dos participantes (quando comunicam-se entre si) e
há uma tendência para dirigirem-se e acatarem (sem grandes discussões)
as tendências do professor (magister dixit). Neste curso a tendência foi
muito menor do que a que verifiquei por ocasião [de outro curso
semelhante feito anteriormente]. [...] Parabéns pela forma que conduziram
o curso. Apesar da tendência dos alunos a distância idealizarem “gurus”
como professores, a atuação de vocês foi impecável (mortais normais e
não gurus).
É também significativo que a maior participação dos professores
não impediu o relacionamento e a formação de laços de amizade entre os
aprendizes:
[Relatório Final - Beatriz]
Eu creio que minha relação com os colegas foi em clima de camaradagem,
de amigas mesmo, algumas até escreveram em pvt palavras de incentivos.
Esta sintonia rara (seria sexto sentido?) é que motiva os cursos, listas
de discussões, que tenho participado e que gostaria de saber como isso
acontece, pois temos uma máquina entre nós. Como deixamos transparecer
em alguns momentos que precisamos de ajuda não técnica, mas de amor.
Isto me intriga muito.
[Relatório Final - Tiago]
As melhores ferramentas que obtive nesse curso são os amigos que
conquistei e espero conservar [...]
Ainda mais significativo, principalmente tendo em vista as
recomendações de Collison, Elbaum, Haavind e Tinker (apud Sobyra, 2000)
para que o professor/instrutor on-line não emita “opiniões pessoais”,
é o comentário feito pela aprendiz Carmen em um diálogo mantido, via
e-mail, com o professor Paulo:
[de: Paulo para: Carmen - 29/11/2000]
[...] vc em uma msg anterior disse:
“Estou gostando muito do curso de vcs. [Paulo e Kátia] Como vcs têm
uma dinâmica de interação com os participantes diferente [da professora
do curso anterior] eu posso vivenciar uma variedade enorme de situações.
Abre bastante minha visão.”
Sem querer ser curioso demais e já o sendo, mas sem querer soar
antiético, vc poderia nos dar um feedback mais específico?
Tivemos uma aluna no curso anterior q nos deu sugestões extremamente
importantes, e nós queremos acertar cada vez mais.
Tenho algumas perguntinhas. Sinta-se livre p responder as que julgar
convenientes:
Levando em conta q os dois cursos têm propostas diferentes,
1. vc vê a dinâmica da interação professor-aluno(s) e/ou
aluno(s)-aluno(s) aqui de uma forma diferente da que vê lá?
2. vc vê a implementação da comunidade de aprendizagem aqui muito
diferente da que vê lá?
3. vc vê falhas na nossa proposta? Pode apontá-las, é importante para
nós.
4. quais fatores positivos você destaca aqui? [...]
[de: Carmen para: Paulo - 29/11/2000]
[...] [a professora do outro curso] é mais [seca], custa a emitir
opiniões pessoais [...] Vocês [Paulo e Kátia] não. Caiu na sala vcs
comentam, discutem, concordam e discordam. Aparecem mais. São
estratégias diferentes.... Ambas válidas, mas que é bom conhecer para
saber que o estilo [da professora do curso anterior] não é a regra.
Deixar que os alunos respondam pode ser bom para estimular a
participação do grupo, mas por outro lado a sala fica recheada de “achismos”....
Ouvir a palavra do professor é bom. [...]
Destaco o fato de Carmen parecer mais favorável ao comportamento de
Kátia e Paulo, que se envolviam nas discussões (“[vocês] comentam,
discutem, concordam e discordam”), do que ao comportamento da professora
do curso anterior, que aparentemente estaria mais dentro do perfil
estabelecido por Collison, Elbaum, Haavind e Tinker (apud Sobyra, 2000).
Instâncias nas quais os professores expressam suas opiniões pessoais
e profissionais são facilmente encontradas entre as mensagens da lista e
mesmo entre as mensagens individuais dos professores para os aprendizes:
[de: Paulo para: Dupla Renato e Rafaela - postada na Lista - 27/11/2000 -
itálico acrescentado para destacar os trechos relevantes]
[comentário do professor]:
Links quebrados são um pecado mortal!!!!! Principalmente qdo [levam] a um
artigo seu!!!!!! Meu artigo "Intervenção..." é um dos
quebrados. Isso me tira do sério.
Mas.. 1..2...3...4...5... estou mais calmo.
É sério, gente. Um site que não mantém controle do que ainda está
acessível não é muito confiável, ainda que tenha trabalhos de
qualidade. Imagine q vc põe uma referência on-line na Bibliografia de um
artigo e o leitor interessado em ler o texto original da referência não
o acha na WWW.
[]s indignados - e não é só pq o link era meu!!!! :-DDDDDDD
[de: Paulo para: Grupo Aplicados - postada na Lista - 11/12/2000 -
itálico acrescentado para destacar os trechos relevantes]
Aqui vão alguns comentários/questionamentos sobre seu trabalho.
[Sintam-se] livres p espinafrar :-DD
Em princípio quero dizer q vcs *ganharam ponto* por partir do princípio
d q os alunos devem decidir o q ler. O problema talvez seja a forma de
concretizar isso e ao mesmo tempo garantir uma experiência educativa
semelhante a todos. [...]
[de: Kátia para: Lista - 16/11/2000 - itálico acrescentado para
destacar os trechos relevantes]
A todos,
Os comentários de colegas como o do [Fábio] (sua msg foi ótima!), da
[Alice] e outros sobre o bom-senso na netiqueta são muito pertinentes.
Sem bom-senso não há regras que funcionem! :-)
[]s
Outro aspecto também notado pelos aprendizes foi o bom humor que, nas
palavras do aprendiz Tiago, em seu Relatório Final, os professores
souberam “espraiar [...] pelo ar a todo instante”. Um dos elementos
que certamente contribuiu para esse bom humor foi a introdução, pela
professora Kátia, dos “abraços adjetivados” (satisfeitos, tagarelas,
indignados, cri-cris, saudosos, cúmplices, sigilosos) acrescentados no
final das mensagens. A esse respeito, a aprendiz Carmen declarou:
[de: Carmen para: Kátia - postada na Lista - 10/10/2000]
ahahahah
Sobre o caixão[, Kátia]....
O [professor Paulo] em outra mensagem inventou uma palavra (é neologismo
não?) para me mandar um abraço e comentou que Guimarães Rosa iria
tremer no caixão. Gostei da idéia e usei tb :o)) ahahaha
Sabe que já andei consultando o dicionário para escrever meus abraços.
Achei essa idéia um barato. Dá até para criar em sala com os alunos uma
atividade assim.
[]''s alumiadores
Qualitativamente, portanto, a presença dos professores na lista se
traduz por diferentes aspectos destacados pelos aprendizes:
- bom humor;
- expressão do posicionamento pessoal sobre os comentários dos
aprendizes;
- “sacudidas” e lembretes;
- atenção;
- rapidez na resposta.
Em termos gerais, tais aspectos não diferem muito das habilidades
necessárias à docência em outras modalidades de ensino, conforme aponta
Mason (1991). E também se relacionam às características apontadas por
este pesquisador como conducentes a um desempenho docente extremamente bem
sucedido no meio on-line.
3 - Discussão
a - Reflexão sobre as Expectativas dos Aprendizes
Ainda que não seja recomendável fazer generalizações, os comentários
analisados na seção anterior permitem inferir expectativas discentes
semelhantes às já descritas por outros pesquisadores (Mason, 1991; Mende,
1998; Hara e Kling, 1999; Solloway e Harris, 1999).
Eu resumiria tais expectativas afirmando que os aprendizes adultos na
modalidade on-line tendem a esperar que seus professores/instrutores
demonstrem estar “presentes” por meio de um feedback constante e
individualizado. É mesmo possível que tal fator seja relativamente mais
importante, na perspectiva desses aprendizes, do que o material didático
e a tecnologia empregada nos cursos.
Reconheço que, tendo em vista o perfil dos sujeitos deste estudo,
poderiam-se fazer dois questionamentos quanto ao meu resumo:
- Todos os aprendizes são professores: professores seriam
aprendizes com características distintas? Em outras palavras, quando
postos no papel de aprendizes, teriam eles mais expectativas quanto à
freqüência e à qualidade do feedback recebido?
Penso que tal questionamento seja relevante, mas, tendo em vista os
resultados semelhantes das outras pesquisas resenhadas, as quais tiveram
como sujeitos aprendizes adultos com diferentes perfis (executivos, alunos
universitários, industriais), acredito que as expectativas demonstradas
pelos aprendizes deste estudo não exibam traços de singularidade.
- Todos os aprendizes são adultos: o aprendiz adulto, oriundo
de um sistema educacional centrado no professor, seria propenso a ter mais
expectativas quanto à freqüência e à qualidade do feedback recebido?
Esse é um questionamento que realmente demandará estudos futuros,
tendo em vista os argumentos apresentados por Brodsky (1998) e Frand
(2000), mas não vejo nele relevância para o contexto do presente estudo.
b - Implicações para a Formação Docente
Neste estudo, descrevi a experiência de dois professores que se
iniciavam na EaD on-line. Demonstrei que a maior participação desses
professores na lista de discussão não pareceu ter constrangido os
aprendizes nem impedido que eles partilhassem seus pontos de vista. Da
mesma forma, os aprendizes avaliaram favoravelmente o envolvimento pessoal
dos professores na discussão.
Acredito, portanto, que o comportamento dos professores satisfez as
expectativas (implícitas) dos aprendizes quanto ao fornecimento de
feedback.
Tais fatores sugerem que pode haver um conflito entre as práticas
recomendadas na literatura sobre docência on-line (Berge, 1995; Collison,
Elbaum, Haavind e Tinker (apud Sobyra, 2000); Palloff, Pratt e Rapp
(2000)) e as reais expectativas de alguns aprendizes.
Ressalto que, embora neste caso específico os aprendizes tenham
avaliado favoravelmente a grande participação dos professores, em outros
contextos, em função do grau de autonomia dos aprendizes, de suas
experiências educacionais prévias, de características culturais e mesmo
pessoais (personalidade), podem-se esperar outras dinâmicas:
- aprendizes que esperem do professor um acompanhamento constante de
caráter organizacional e pedagógico (estabelecimento de prazos rígidos
e cobrança de desempenho);
- aprendizes que dêem preferência à aprendizagem individual, não
desejem interagir em comunidades virtuais e apenas esperem que o professor
corrija seus erros;
- aprendizes que prefiram participar de comunidades virtuais, mas desejem
apenas acompanhar as discussões sem interagir ativamente e possam nem
mesmo esperar o acompanhamento docente (os chamados “lurkers”);
- e (por que não?) aprendizes que esperem que o professor não interfira
freqüentemente nem injete valores e opiniões pessoais nas discussões,
ficando apenas responsável por estimular a interação.
Tendo em mente tais possibilidades de variação e levando em conta
alguns dos relatos de experiência aqui resenhados (Hara e Kling, 1999;
Solloway e Harris, 1999), concluo que um dos fatores para o sucesso
docente não é a fidelidade a uma proposta pedagógica, mas sim a
habilidade de, mesmo trabalhando dentro de uma tal proposta, ser capaz de
avaliar a necessidade de fornecer feedback individualizado aos aprendizes,
de acordo com suas expectativas de qualidade e quantidade.
Tal conclusão torna necessário refletir sobre a formação dos
professores que atuam em EaD on-line. Normalmente tais professores são
aqueles que já possuem experiência em contextos educacionais
presenciais. Eles fazem, portanto, uma transição para o contexto virtual
trazendo uma bagagem de habilidades já desenvolvidas e testadas em salas
de aula físicas.
Algumas de tais habilidades serão normalmente transferíveis, enquanto
outras precisarão ser adaptadas ou mesmo criadas, tendo em vista as
características específicas do meio on-line e da comunicação mediada
por computador.
Os artigos que abordam o papel do instrutor on-line costumam acentuar,
com sensatez, que a atuação docente, mais do que um treinamento em novas
tecnologias, demandará uma nova proposta pedagógica e mesmo uma
capacitação específica (v. Tavares, 2000).
O processo de tal capacitação, em minha opinião, necessitaria de um
componente fundamental: o desenvolvimento da capacidade de escuta do
docente, quer tenha ele tido experiência presencial anterior ou não. Tal
capacidade de escuta é de grande importância em uma modalidade de
educação que se proponha a priorizar a aprendizagem e o aprendiz em
lugar do ensino e do professor, pois um professor capaz de ouvir as
demandas e expectativas de seus aprendizes seria capaz de perceber quando
e quais formas de feedback seriam melhor empregadas e de fazer mudanças
estratégicas que beneficiassem a aprendizagem.
Sugiro algumas estratégias que podem ser utilizadas no desenvolvimento
da capacidade de escuta do docente on-line:
- a aprendizagem de técnicas de confecção e avaliação de
diferentes tipos de questionário destinados a detectar as expectativas
discentes:
Os professores em pré-formação ou formação em serviço, orientados
por um especialista, aprenderiam a redigir questionários de diferentes
formatos (pergunta aberta, pergunta fechada, escalar) e a avaliar suas
limitações e vantagens. Como nos exemplos abaixo:
Tais questionários podem ser empregados para avaliar as expectativas
dos aprendizes antes do início de um curso. As respostas permitem traçar
o perfil não apenas das expectativas de cada aprendiz, mas também,
quando tomados em conjunto, das expectativas de toda uma turma. Dessa
forma, o professor pode ter uma idéia de quanto feedback precisará dar
à turma como um todo e a cada aprendiz individualmente.
As quantificações fornecidas pelo questionário ainda precisam ser
complementadas pela observação do processo de ensino-aprendizagem. E
isso sugere a segunda estratégia:
- o acompanhamento periódico, qualitativo e quantitativo da
participação discente no ambiente de comunicação on-line (lista,
fórum, chat):
Basta que o professor estabeleça uma rotina semanal, quinzenal ou
mensal para detectar a “ausência” dos aprendizes ou sinais de
frustração no texto de suas mensagens. O professor precisa ter em mente
que mesmo aquele aprendiz que tenha declarado desejar pouca atenção
poderá, em algum momento do curso, esperar a intervenção do professor
na forma de estímulo à participação, crítica etc.
Finalmente, uma outra estratégia fecharia o ciclo:
- a avaliação do poder de detecção do questionário:
Esta etapa é realizada após o curso. O professor observará até que
ponto o feedback fornecido ao grupo e aos aprendizes individualmente foi
equivalente às expectativas detectadas pelo questionário inicial. Uma
ferramenta útil nesse caso é um Relatório Discente de Auto-avaliação
(v. Anexo 1). O professor pode inclusive questionar os aprendizes se
ficaram satisfeitos com o acompanhamento feito e se sugerem alguma
mudança neste aspecto específico.
Finalmente, devo reconhecer que têm valor as listas de comportamentos
desejáveis para docência on-line que são comumente apresentadas na
literatura, pois elas trazem à discussão aspectos da comunicação
on-line com o qual nem todos estão familiarizados.
Essa discussão, e não o uso das listas como manuais para formar
professores, poderá ser um dos elementos essenciais no processo para
formação ou capacitação do docente.
BIBLIOGRAFIA
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Moderators
Homepage. [Disponível em:] http://jan.ucc.nau.edu/~mpc3/moderate/teach_online.html
BRODSKY, N.H.(1998). Learning from Learners, Internet Style. Educom
Review.
Volume 33, Number 2. [Disponível em:]
http://www.educause.edu/pub/er/review/reviewArticles/33214.html
COLLISON, G.; ELBAUM, B; HAAVIND, S. & TINKER, R. (2000)
Facilitating Online Learning: Effective Strategies for Moderators. Atwood
Publishing. apud SOBYRA, D. (2000). New Book Offers Tips for On-line
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Web-Based Distance Education Course. First Monday.
[Disponível em:] http://www.firstmonday.dk/issues/issue4_12/hara/
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Search ERIC Database. ERIC_NO: ED432230
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eModerators.com. [Disponível em:]
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Search ERIC Database. ERIC_NO: ED423919
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the Online Student’s Perspective. [Disponível em:]
http://www.coe.uh.edu/insite/elec_pub/HTML1998/de_mory.htm
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in the Online Classroom. Webcast Transcript [Disponível em:]
http://cite.ecollege.com/index.learn?action=Vision&subaction=WebcastArc&triaction=May31
REID, J. (1999). What Every Student Should Know About On-line Learning.
[Disponível em:] http://illinois.on-line.uillinois.edu/on-line/course1/reid.htm
SOLLOWAY, S. & HARRIS, E. (1999). Negotiating students’ needs and
desires in cyberspace. Educom Review. March/April. [Disponível em:] http://www.educause.edu/ir/library/html/erm99021.html
TAVARES, K. (2000). O Professor Virtual - reflexões sobre seus papéis
e sua formação. [Disponível em:] http://www.educarecursosonline.pro.br/artigo/eadprof.htm
ANEXO 1
Relatório Final de Auto-avaliação
[a] O que é?
Esse relatório é uma ferramenta que nos permitirá avaliar
qualitativamente a sua experiência como membro de uma comunidade virtual
de aprendizagem.
[b] Como fazê-lo?
O relatório nada mais é do que um texto em formato de diário reflexivo
em primeira pessoa (portanto individual), no qual você fará uma
exposição de:
- sua experiência prévia em cursos de EAD (on-line ou não). Se o
Educare for sua primeira experiência em EAD, você poderá relatar o que
você já sabia sobre essa modalidade de educação;
- sua motivação para participar do Educare Cursos Online;
- sua opinião sobre como foi participar do curso, abordando
especificamente:
* como gerenciou o tempo para realizar as atividades;
* se teve problemas técnicos e como os solucionou;
* como avalia os textos que leu no curso;
* como foi sua participação nas discussões;
* como foi seu relacionamento com os colegas e deles entre si.
- como pretende usar as ferramentas da Internet abordadas no curso:
* para dar continuidade à sua formação profissional;
* como recursos pedagógicos nos seus cursos presenciais.
ANEXO 2
Questionário - Opinião dos Alunos
Preencha os dados pessoais corretamente, pois disso dependerá o
recebimento do certificado de participação (Importante: não use apenas
caixa alta);
Preencha os dados sobre o curso, pois eles nos permitirão oferecer cursos
cada vez melhores; Confira o preenchimento; Clique no botão enviar.
nome:
e-mail (nome@provedor.com.br):
telefone (0-XX-4444444):
endereço completo:
Que aspectos positivos do curso você destaca?
Que aspectos negativos do curso você destaca?
O que acrescentaria ao curso ou retiraria dele?
Recomendaria o curso a amigos e familiares? Sim/não
A parceria com XXX possibilitou-nos oferecer este curso por uma taxa
aquém dos valores praticados no mercado. Em sua opinião, até quanto
seria justo cobrar pelo curso?
até R$50,00
de R$50,00 até R$100,00
de R$100,00 até R$150,00
de R$150,00 até R$200,00
de R$200,00 até R$250,00
de R$250,00 até R$300,00
Outro valor:
Outros comentários?
___________________
Notas:
1- Don’t Lecture
2- Be Mindful of the Proportion of Instructor Contribution to the
Conference
3- Be Responsive
4- As avaliações menos positivas sobre a familiaridade com as
ferramentas (“pouca” e “não uso”) não foram relatadas por esses
aprendizes no preenchimento do formulário de inscrição do curso.
5- Os Subitens da tabela foram espontaneamente propostos pelos aprendizes.
A fim de que pudessem ser quantificados, eu os reuni, por similaridade, em
macrocategorias denominadas Itens.
6- Foi estabelecido no curso que os colchetes, seguidos ou não da letra
“s”, significariam a palavra “abraços”.
7- Luiz já havia feito um curso on-line semelhante anteriormente.
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